Os juízes de São Paulo saíram em defesa,
nesta sexta-feira, 1º de setembro, do colega José Eugênio do Amaral
Souza Neto, que na quarta, 30, soltou o homem que ejaculou em uma moça
dentro de um ônibus. Em nota oficial, a Associação Paulista de
Magistrados (Apamagis), influente entidade da toga, condenou o que
classificou de “ataques (a José Eugênio) de maneira vil e covarde na
imprensa e em redes sociais”.
“Cabe ressaltar que numa democracia não é
dado ao Juiz o direito de julgar sem amparo das leis, sob o risco de se
perderem direitos e conquistas tão duramente alcançados pela sociedade
brasileira”, destaca o texto da Apamagis, subscrito por seu presidente,
Oscild de Lima Junior.
O caso que abriu a grande polêmica
envolve o ajudante de serviços gerais Diego Ferreira de Novais, de 27
anos, que na quarta-feira, 30, completou sua 15.ª passagem pela polícia
por exibir o pênis no transporte público.
Ao mandar soltar o homem, pego em
flagrante pelo suposto reiterado crime, o juiz José Eugênio do Amaral
Souza Neto afirmou que não viu possibilidade de enquadrá-lo por estupro
por não ter havido “constrangimento, tampouco violência ou grave
ameaça”.
“O ato que deu origem à decisão
proferida pelo magistrado é indubitavelmente repugnante e causa asco em
qualquer pessoa minimamente civilizada. Por isso, ninguém – menos ainda o
magistrado – minimizou a gravidade da conduta do autor”, assinala a
nota da entidade dos juízes.
O texto destaca que a Promotoria,
titular da ação penal, entendeu que o ato atribuído a Diego Ferreira de
Novais não caracterizou estupro. “Para que se estabeleça a verdade dos
fatos, o Ministério Público, titular da ação penal, entendeu, segundo a
sua interpretação técnico-jurídica, que ato praticado não configurava
crime de estupro, mas uma contravenção penal e assim, requereu
expressamente o relaxamento da prisão. Noutras palavras, o órgão
acusador pleiteou a liberdade, acolhida pela Justiça, sendo necessária,
portanto, a soltura do acusado.”
Segundo Apamagis, o caso revela
“evidente descompasso entre a lei vigente e a realidade”. A associação
sugere que a discussão seja levada ao Congresso e diz que vai empreender
“todos os esforços para levar ao parlamento a necessidade de alterações
legislativas que corrijam essa e outras falhas tão graves no
ordenamento jurídico”.
Ao sair em defesa do colega, a entidade
dos magistrados enfatiza que “não é possível assistir inerte o
linchamento moral a que foi submetido o magistrado, por pessoas sem
nenhum compromisso com a verdade dos fatos e que insuflaram parcela
expressiva da população, agredindo injustamente um Juiz que dignifica a
toga”
A Associação Paulista de Magistrados
ressaltou que vai adotar todas as medidas cabíveis para que os danos
provocados sejam reparados e atuar “firmemente na defesa intransigente
da independência jurisdicional, garantia primeira das sociedades
civilizadas”.
Varela Notícias
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