sexta-feira, 6 de outubro de 2017

'Ele dormia abraçadinho comigo', diz mãe de Juan, vítima de ataque a creche em Janaúba

Os brinquedos de Juan Miguel Soares Silva, de 4 anos, ainda estão espalhados no quintal de casa, e a família do menino tenta entender o que aconteceu. Ele é uma das seis vítimas do ataque em uma creche em Janaúba, Norte de Minas Gerais, onde o vigia do local jogou álcool nas crianças e nele mesmo e, em seguida, ateou fogo, na manhã desta quinta-feira (5). 

A mãe de Juan Miguel conta que a principal característica do filho único era a alegria de viver. "Ele era alegre, brincalhão e gostava de brincar de bola. Ele dormia abraçadinho comigo", disse Jane Kelly da Silva Soares, que não conteve as lágrimas.
"Eu estava pensando em mudar ele de escola, porque a gente ia mudar de bairro. Eu acordei o Juan hoje cedo para deixá-lo na creche e depois já vi ele morto no hospital”, relatou a mãe. 

"Juan gostava de jogar bola, andar de bicicleta. Nós estávamos programando fazer um almoço aqui no Dia das Crianças e fazer um bolo para cantar os parabéns pra ele, porque não deu pra comemorar no dia do aniversário dele", afirmou a avó de Juan Miguel.

Outros mortos

Além de Juan Miguel, outras quatro crianças morreram no ataque ao Centro Municipal de Educação Infantil Gente Inocente, no Bairro Rio Novo. O vigia, Damião Soares dos Santos, de 50 anos, morreu no hospital algumas horas depois do ataque.
Durante a noite de quinta-feira, morreu a professora Helley Abreu Batista, de 43 anos. Ela estava com 90% do corpo queimado após ter sido atingida pelo fogo. A informação da morte foi dada por Ricardo Tolentino, diretor da Fundação Hospitalar de Janaúba, onde ela estava internada. 


Ana Clara Ferreira Silva, outra vítima de 4 anos, estudava na creche havia dois anos e tinha um irmão gêmeo, Victor Hugo, e mais quatro irmãos. Três estavam na creche no momento do ataque e não sofreram queimaduras.
"A gente gostava de brincar de esconder e de cobra cega. Na televisão, a gente gostava de assistir Peppa Pig", disse Victor Hugo. 


"Minha filha era muito especial, esperta. Era gente boa demais minha filhinha. A creche é aqui pertinho de casa, nós ouvimos o barulho e corremos pra lá", disse o pai das crianças Nelson de Jesus Silva. 

Juan Pablo Cruz dos Santos, de 4 anos, também morreu no ataque. "Ele era um menino alegre. Nós escutamos falando no rádio que a creche que tinha pegado fogo era no Bairro Rio Novo. Meus dois sobrinhos estudavam lá, um morreu e o outro está ruim no hospital", disse Edna Pereira dos Santos, tia de Juan Pablo. 

 A quarta criança morta no incêndio é Luiz Davi Carlos Rodrigues, também de 4 anos. "O sentimento é de revolta. Era uma criança inocente, tinha tudo pela vida ainda. Fico imaginando a cena dele na hora gritando mamãe, pedindo ajuda e ninguém podendo ajudar. É triste”, disse Laira Sandriane Rodrigues Silva, prima do menino. 


Feridos

Na manhã desta sexta (6), 38 pessoas permaneciam internadas em hospitais de Montes Claros, Janaúba e Belo Horizonte. Entre elas, estão 22 crianças. Duas funcionárias da creche, que estão em estado grave, foram transferidas de helicóptero de Janaúba para Belo Horizonte, na manhã desta sexta-feira (6).
Durante toda a quinta-feira, as famílias buscaram por notícias dos feridos no hospital de Janaúba. "A informação que recebi aqui é que ele inalou muita fumaça e pode ter tido queimadura interna, e deve ser transferido porque aqui está muito cheio. Ele estuda na escola há 3 anos e sempre foi tratado muito bem. A escola é muito boa", disse Edgar Antônio Nogueira, pai de uma criança de 5 anos. 

A filha de Joana Dark Oliveira dos Santos é uma das crianças que ficaram feridas no ataque e está internada. Joana foi avisada da tragédia por um amigo e diz que chegou à creche antes da menina ter sido socorrida. "Minha filha estava sentada, com falta de ar, acho que queimou por dentro; quase não saía voz. Peço que Deus dê vida e saúde pra ela", disse a mãe. 

Fonte: G1

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